terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

— Fora do AR!



No início desta década, o fenômeno da radiodifusão comunitária conquistava avanços e consolidava-se na cidade de Belém. Experiências surgiam aqui e ali, mesmo em meio a todas as dificuldades, as rádios comunitárias estavam se firmando como instrumentos de mobilização social e transformação.
Com slogans do tipo “a rádio onde você fala”, “democratizando a informação”, “a voz da resistência popular” ou “O grito rebelde da periferia” as rádios comunitárias foram ocupando espaço no dial, conquistando territórios e dando voz a quem estava condenado a ouvir: a citar a Rádio Comunitária Cidadania FM (2003 - Terra Firme), da FM Cabana (2003 - Guanabara), Tupinambá FM (2004 - Mosqueiro) e Resistência FM (setembro, 2004 – Marco).
Entretanto, em nome dos mesmos interesses que levaram a concepção da Lei 9.612 de 98, uma operação de extermínio foi desencadeada sobre estas emissoras comunais. Apenas, no dia 18 de maio de 2005, a PF e Agencia Nacional de Telecomunicações, retiraram do ar 8 associações de radiodifusão comunitárias!
Num clima de ataque repressivo, um grupo de agentes independentes, ligados à comunicação popular, iniciou uma pesquisa com o objetivo de colher dados sócio-gráficos sobre a produção da comunicação popular feita nas rádios comunitárias. Devido às constantes operações da força repressiva, desmantelava-se a rádio e desmobilizava a organização popular. Contudo, durante dois meses, 52 pessoas foram entrevistadas, respondendo a um formulário de 32 questões, em 7 emissoras ligadas a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRAÇO / Metropolitana - PA). Destas entrevistas, obtivemos informações sobre: o tempo de atuação individual, motivação, funções, satisfação com empenho, classificações, recursos utilizados, dados sobre o programa, também sobre a programação da rádio, participação da comunidade etc. Outro dado importante diz respeito das dificuldades enfrentadas e o nível de interesse dos agentes de comunicação popular em participar de cursos de formação e capacitação para rádio comunitária.
Após a tabulação dos dados coletados, observou-se que todos os entrevistados manifestavam desejo em participar de cursos formação e capacitação em comunicação popular. Daí surge, “O projeto de Formação e Capacitação de Agentes Multiplicadores em Comunicação Popular - Rádio”, pretendendo estimular os agentes produtores da comunicação a confrontarem sua vida cotidiana com as questões de gestão comunicativa, na qual indivíduo deve percebe que “a comunicação precisa ser planejada, administrada e avaliada coletivamente”.
As rádios comunitárias colocam em pratica o direito à comunicação, à liberdade de expressão e diversidade cultural. As rádios comunitárias são feitas por um grupo de pessoas da mesma comunidade, organizados em associações sem fins lucrativos e respondem aos interesses daquela comunidade. Ou seja, as rádios comunitárias são um veiculo de comunicação social dos membros de uma comunidade, de uma população local que partilha interesses comuns. Por isso, um dos nossos objetivos é permitir que todos os participantes tenham vez e voz; quebrando a hierarquia na distribuição do saber, reconhecendo que todas as pessoas são produtoras de cultura.

“Viver comunitariamente como a partilhar do saber e da resistência”