domingo, 16 de agosto de 2009

Ondas sonoras virtuais


Não é tarefa fácil definir o que é uma rádio web, uma vez que o seu conceito ainda está em fase de definição. A web rádio surgiu quebrando vários paradigmas e o principal deles foi o suporte. É uma nova era do rádio, regida pela digitalização. A grande novidade está na possibilidade de interação com o ouvinte, através da criação de novos canais de comunicação. No Brasil, as primeiras emissoras de rádio com existência só na internet, surgiram a partir de 1998, essas rádios são chamadas web rádio. Pode ser considerada uma web rádio, uma emissora de rádio, exclusiva da internet, que pode ser acessada por meio de uma URL e não por uma freqüência sintonizada no dial de um aparelho receptor de ondas hertzianas.

A web rádio (também conhecida como Rádio via Internet ou Rádio Online) é o serviço de transmissão de áudio via Internet com a tecnologia streaming gerando áudio em tempo real, havendo possibilidade de emitir programação ao vivo ou gravada. Muitas estações tradicionais de rádio transmitem a mesma programação pelo meio convencional (transmissão analógica por ondas de rádio, limitado ao alcance do sinal) e também pela Internet, conseguindo desta forma a possibilidade de alcance global na audiência. Outras estações transmitem somente via Internet.

Como facilitador do módulo de rádio web contamos com a participação do pesquisador e técnico em informática Júlio César Freitas.

Julio iniciou sua abordagem falando sobre os objetivos do módulo de Web Rádio, que consiste em dar conhecimentos aos participantes da oficina sobre o que é uma rádio on-line; como funciona a transmissão passo a passo;o que é preciso para colocar uma Web Rádio on-line; noções sobre protocolos de transmissão; o que é streaming; e como instalar e configurar os softwares necessários para se obter uma rádio on-line.

Dentro do programa desenvolvido para a oficina foi discutido a teoria sobre os principais protocolos de transmissão de mídia via internet, dentre eles estão o MMS (Microsoft Media Services), o RTSP (Real Time Streaming Protocol) e o UDP (User Datagram Protocol), seguido da definição de cada e uma breve explanação sobre cada um deles.

Em seguida foi trabalhado o conceito de streaming, como principal meio de distribuição de mídia pela internet. Streaming (fluxo, ou fluxo de mídia em português) é uma forma de distribuir informação multimídia numa rede através de pacotes. Ela é freqüentemente utilizada para distribuir conteúdo multimídia através da Internet. Em streaming, as informações da mídia não são usualmente arquivadas pelo usuário que está recebendo a stream (a não ser a arquivação temporária no cache do sistema ou que o usuário ativamente faça a gravação dos dados) - a mídia geralmente é constantemente reproduzida à medida que chega ao usuário se a sua banda for suficiente para reproduzir a mídia em tempo real. Isso permite que um usuário reproduza mídia protegida por direitos autorais na Internet sem a violação dos direitos, similar ao rádio ou televisão aberta. Muitas Webs Rádios utilizam Streaming para fazer suas transmissões. A informação pode ser transmitida em diversas arquiteturas, como na forma Multicast IP ou Broadcast. Atualmente, com o advento de tecnologias como o ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line), a internet via Cabo, rádio, WiMAX e fibra ótica, permitem novos negócios na internet, como por exemplo, o vídeo sob demanda (video on demand).

Antes de entrarmos na parte de instalação e configuração dos softwares, foi mostrada a questão da obtenção de um domínio para a divulgação da rádio através de um endereço fixo, sem se preocupar com a questão da mudança do número IP do computador que será o servidor da rádio, como solução para este pequeno empecilho foi mostrado como eles poderiam obter o serviço a um preço bem abaixo do praticado por certas empresas, através do site da empresa NO-IP, que fornece o serviço a um preço na faixa de R$ 10,00 a R$ 12,00 e logo depois a usar o programa NO-IP DUC, que gerencia o domínio e controla a conexão com a empresa que fornece o serviço de domínio para estar sempre disponível.

Em seguida entramos na fase dos softwares, a apresentação dos programas a serem utilizados, a introdução, a instalação e configuração dos mesmos. Na seleção dos softwares utilizados na oficina, o principal item levado em consideração foi a questão da licença de uso, nesse quesito foi dada total prioridade aos de uso gratuito ou freeware (como consta no edital), mesmo porque o objetivo é o de montar uma Web Rádio com o mínimo de custos, tendo como objetivo mostrar a facilidade de se montar uma rádio nesse modelo. Embora a estrutura oferecida pela escola onde foi realizada a oficina seja baseada em Linux (BotoSetLinux), optamos por trabalhar com programas para plataforma Microsoft Windows XP, mas com programas totalmente gratuitos, pelos seguintes inconvenientes: pela falta de disponibilidade de programas para o sistema operacional utilizado na escola e também pelo grau de dificuldade de se fazer certas configurações de nível mais avançado. Os softwares utilizados foram o Windows Media Encoder (codificador), ZaraRadio (automação e retransmissão) e o Winamp em conjunto com mais dois plugins, o SHOUTcast Server e o SHOUTcast DSP.

Ao final foi mostrado como fazer a divulgação da Web Rádio, através dos meios mais utilizados pelos participantes como e-mail, Orkut e também de modo verbal nas conversas com amigos, nos quais foram mostrados dois jeitos diferentes de fazer a divulgação do IP ou Domínio do servidor da rádio. O primeiro foi um bloco de notas com a extensão .asx com o respectivo IP ou Domínio e o outro um bloco de notas simples.

Dentro da temática desenvolvida para a oficina, sempre foi procurado usar termos de fácil compreensão para os participantes, apesar das dificuldades geradas pelo conhecimento limitado dentro da área da informática, devido a falhas no processo de inclusão digital, apesar de grande parte dos usuários da internet estarem habituados a usar o sistema operacional Microsoft Windows XP em várias tarefas comuns, não possuem um conhecimento mais aprofundado sobre as configurações do mesmo ou desconhecem os softwares livres, instrumento com o qual nos propusemos a trabalhar. Muitos não terem acesso ao microcomputador em suas casas, muitos dos participantes só tinham acesso ao computador e a internet em cyber-café, lan-house ou na escola. O que por sua vez limita o uso por parte do aluno da tecnologia digital, bem como, seu conhecimento dentro da área. Contudo, devido às práticas que foram desenvolvidas os mesmos obtiveram êxito.


Em 15 de junho finalizamos o nosso ciclo de entrevistas com participação de Heloisa Matos, inspetora da Escola Paulino de Brito. No dia 17, ouvimos todas as entrevistas na íntegra com o objetivo de fazermos a decurpação das mesmas. Infelizmente, devido o período de provas dos participantes, não conseguimos elaborar o texto final do programa, assim como, a gravação do mesmo. Ficando essas pendências para o inicio do mês de agosto.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Artesanato Sonoro - Edição de Áudio
















Locução Radiofônica

A fala é o instrumento de radiodifusão mais importante, pois quem apresenta um programa, seja este radiofônico ou televisivo, depende grande parte do bom uso que faz da sua capacidade de expressão vocal. É importante para o comunicador ter consciência de que falar ao microfone é uma atividade que exige uma técnica apurada.
A significação do texto está intimamente ligada à forma como ele é lido, ou seja, uma mesma frase pode adquirir conotações diferentes quando é dita em contextos diferentes ou mesmo quando não se utiliza corretamente a pontuação.



Segundo, o estudioso Ruy Jobim, a voz não é mais importante do que a comunicação. Um bom locutor tem que saber transmitir a mensagem de forma fácil, simples e imediata. Neste caso, não é necessário ter uma voz bonita, é importante saber fazer uso adequado da sua capacidade vocal. O locutor precisa saber dá o tom adequado ao que é dito. Assim, conforme o caso dá forma á expressão, muda a entonação, faz pausas. Fazendo da voz um instrumento de trabalho.
Como facilitador no módulo de Locução Radiofônica contamos com a participação do jornalista, locutor radiofônico, apresentador televisivo, professor de comunicação, Jorge Luis Vidal. Atualmente, Vidal atua como professor da Faculdade do Pará – FAP, Faculdade de Estudos Avançados do Pará - FEAPA e como apresentador de televisão e rádio da Fundação Nazaré de Comunicação.



Para uma melhor aplicação metodológica, o módulo de locução foi dividido em três partes: pronúncia, pontuação e interpretação de texto. No primeiro momento, foram aplicadas técnicas iniciais de projeção vocal, com respiração diafragmática, controle da respiração para leitura de longas frases e silabação a partir das fôrmas bucais das cinco vogais. Os participantes aprenderam uma técnica de massagem relaxante que auxilia o uso da voz; aprenderam, também, como respirar corretamente (utilizando o diafragma) para melhor utilizar a voz. Os participantes leram frases sílaba por sílaba na intenção de diferenciar fonemas e pronunciar de forma correta o enunciado, de forma clara e com precisão fonética.
No momento seguinte, foram aplicadas técnicas de reconhecimento correto de pontuação, através da vírgula (leitura com sentido e seqüência), ponto final e ponto em seguida, dois pontos (sentido de semi-pausa), interrogação e aposto.






No dia 02 de maio, sábado, realizamos um programa diferenciado na oficina, fizemos uma visita técnica a Fundação Nazaré de Comunicação – FNZ. Neste ambiente comunicativo, os participantes conheceram as instalações, equipamentos e tiveram a oportunidade de participar do programa radiofônico “A Voz de Nazaré”.





Neste módulo da oficina, além da visita técnica, os partícipes experimentaram suas primeiras noções de interpretação de leitura textual, dando ênfase as palavras - chave do texto.
De volta as instalações da E.E. E.F.M. Paulino de Brito, o facilitador continuou a aplicação de técnicas de interpretação de texto, desta vez, voltadas para o produto resultante da oficina, no caso, um programa abordando a violência em ambiente escolar.



No dia 06 de maio, tivemos uma reunião de “trabalho de mesa” para definição de pauta, era também um exercício importante para experimentação do que iríamos fazer na atividade intitulada “culminância escolar”, que ocorreu no dia seguinte. Todos estavam entusiasmados com a nossa primeira atividade radiofônica plena. Já havíamos escolhidas as músicas que iríamos tocar, as entrevistas estavam confirmadas, o texto pronto... Mas infelizmente, o dia 07 de maio surgiu com uma péssima noticia, os rodoviários da capital paraense anunciaram paralisação de suas atividades profissionais. Fato este que impossibilitou a execução dos nossos planos para comunidade escolar. No entanto, está experiência nos valeu para o desenvolvimento de nossa produção radiofônica.


O Texto Radiofônico

Foi no período Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada) que o ser humano primitivo -Pithecatropus erectus- conheceu o FOGO e PALAVRA falada. No antigo Egito já era domínio entre os filósofos a idéia de que para os homens é vital estabelecer comunicação entre si para se viver em sociedade. De fato, o ser humano é um animal social. Diria, então, que somos seres de comunicação, logo, seres de linguagem.

Até certo ponto, notamos que a leitura de revistas em quadrinhos, livros, jornais, mensagens, assim como o exercício da escrita, norteiam uma padronização para o nosso relacionamento com o mundo social. Sendo assim, mesmo que utilizemos constantemente o gesto, o som e a imagem para expressarmos o nosso pensamento e sentimento, o texto grafado ainda é um dos principais meios de comunicação.

Como facilitador do segundo módulo que aborda a produção de “texto radiofônico”, contamos com a participação do jornalista e publicitário Allan Tomaz Cardoso. Allan fez parte da equipe de produção do programa Reversão Radioativa, programa componente da grade de programação da comunitária Resistência FM e foi membro fundador do Fórum em Defesa das Rádios Comunitárias. Atualmente, faz especialização em movimentos sociais na Universidade Federal do Estado.



Allan iniciou sua abordagem falando sobre os objetivos da oficina, que são de oferecer aos participantes conhecimentos básicos e fundamentais para produção de textos para rádio, posto que, ajudarão os participantes a produzir bons textos radiofônicos que serão utilizados na produção do programa final da oficina.

Em seguida o facilitador discorreu sobre as principais características do texto radiofônico, que são:

  • O rádio é um veículo de comunicação por onde o som (voz, música, ruídos etc) transmite mensagens e informações aos seus ouvintes.
  • As mensagens e informações radiofônicas devem ser emitidas da forma mais fácil e acessível possível, permitindo que todos as entendam precisamente.
  • O texto radiofônico é um texto que se escreve para ser falado. Logo, não pode ser um texto longo ou rebuscado, já que o único recurso para sua transmissão é a voz.
  • Um bom texto radiofônico é aquele que consegue ser bem falado e transmitir um bom conteúdo de forma rápida e com linguagem simples, mas respeitando a norma culta.

Posteriormente, afirmou que o texto jornalístico é o resumo de um fato que é construído de acordo com a técnica da pirâmide invertida, onde primeiramente o mais importante é o (lide), ou seja, as seguintes indagações: o quê? Quem? Onde? e quando?; em segundo, temos as indagações: com? quando?

Os textos jornalísticos mais importantes são a manchete, a nota, a resenha (simples ou opinativa), o editorial, a notícia, a reportagem e o expediente; em notícias e reportagens é muito comum o uso das sonoras, que nada mais são do que trechos da fala de uma pessoa entrevistada; o tempo de fala de um texto radiofônico pode ser medido pelo número de linhas desse texto. A lauda jornalística em rádio tem o limite de 12 linhas, o que corresponderia a um minuto (1’) de fala do locutor.



Para exemplificar o que estava falando, Allan nos fez ouvir e analisar o programa revista da Embrapa de Roraima, Pausa Rural, voltado para o pequeno e médio produtor rural. O texto jornalístico em rádio, segundo o facilitador, deve ter as seguintes características: texto escrito na ordem direta (sujeito + verbo + predicado); com verbo no presente do indicativo (de preferência) e oração na voz ativa (quando o sujeito pratica a ação); clareza de idéias e objetividade; deve-se evitar o uso de chavões, gírias, expressões arcaicas, aliterações (repetição consecutiva de um mesmo som), cacofonias e frases negativas. Isso prejudica o entendimento do texto e pode causar descredibilidade ao ouvinte

. No dia 13 de abril contamos com as presenças das representantes da Secretaria de Comunicação do Estado, Irna Cavalcante e Natália Rodrigues. Irna conversou com os participantes da oficina, perguntado o motivo da escolha pela oficina e desenvolvimento da mesma; conversou com o facilitador para saber como estava desenvolvendo seu trabalho e com a proponente, Ivaney Costa, sobre os objetivos, importância e produto final da oficina de rádio.



No momento seguinte, o facilitador propôs um exercício de produção de pauta, onde eles iriam pesquisar nos sites de jornais locais uma nota que lhes interessasse e a partir daí produzir a sua nota. Depois de uma breve pesquisa, os textos começaram a ser construídos e posteriormente apresentados. Vejamos as manchetes: Pai e filho executados a tiros no bairro do Jaderlândia em Ananindeua (Ádria Bessa ); A nova lei limita fumo em São Paulo ( Caroline Brito); De lho na copa do Brasil (Alfredo Marcio); Vítima de terremoto na Itália pede ajuda ao primeiro ministro Silvio Berlusconi ( Bruna Gemaque); Nuclear não, renováveis já! (Douglas Pereira); Kiss, maravilha de show (Douglas Brado); Tragédia no ABC: Eloá é assassinada (Camila Brandão).



Ao final do módulo, Allan sugeriu que eles fizessem uma experimentação do funcionamento de uma rádio, que seria realizado na feira da cultura da escola no dia 06 de maio. Os presentes concordaram, contando que os demais participantes concordassem com a proposta. Para tal, o facilitador deu o seguinte roteiro de programação:


Programa: Culminância

Data: 07/05/09

Locutor: Bruna e Luis Felipe

Repórter: Ádria e Alfredo Marcio

Produção: Caroline e Ruan

Operação de áudio: Camila e Douglas

Apoio: Douglas e Antonio

· I BLOCO: Apresentação do programa

· BG (música de introdução)

· Locutor

· Música 1

· Vinheta

· Música 2

· II BLOCO

· Locutor (desenvolvimento do programa)

· Apresentação e contexto da feira da cultura

· Entrevista 1 (coordenador do evento)

· Vinheta / encerra o bloco

· III BLOCO

· Locutor

· Entrevista 2 (estudante)

· Lançar uma pergunta para premiação

· Agenda cultural

· Finalizando com dicas ou sugestões sobre o tema da feira da cultura.



domingo, 12 de abril de 2009

O Voto de Cabresto na Era Digital

O termo coronelismo foi criado por Victor Nunes Leal, no livro: Coronelismo: enxada e voto, de 1949. O coronel era o chefe político de um determinado município e recebia esse titulo como oficial da Guarda Nacional, criada no século XIX. Este representava o poder político local, através de um sistema de troca de favores e compromissos com as províncias e a União.
O voto passou a ser utilizado como moeda de troca dos coronéis, o chamado voto de cabresto, que inicialmente era aberto e depois passou a ser secreto. Mas, mesmo sendo secreto, fazia com que os trabalhadores votassem no candidato do coronel, uma vez que havia uma dependência muito grande deste trabalhador em relação aos coronéis, sem contar que a conferência dos votos criava uma situação de obrigatoriedade.


Assim, os coronéis municipais elegiam seus candidatos e se aliavam ao poder estadual, representados principalmente pelos governadores e posteriormente ao Governo Federal, caracterizando, por fim, uma rede de favores.
Por sua vez a denominação coronelismo eletrônico designa a utilização das concessões de radiodifusão como moeda de negociação política. Este coronelismo é um fenômeno do Brasil urbano, que resulta da escolha que a União fez, ainda nos anos 30, da exploração dos serviços públicos de rádio e TV a empresas privadas, concedendo a elas outorgas.


No novo coronelismo, o voto, continua sendo utilizado como moeda de troca. Porém, não mais tendo como base a terra, mas o controle da informação, que é capaz de influenciar a opinião pública, caracterizando-se, desta forma, por ser uma prática antidemocrática.
Encerrando esse primeiro módulo da oficina, contamos com participação de Rosane Sterbbernneer, pesquisadora e professora da Universidade Federal do Pará. Rosane, atualmente, está desenvolvendo uma pesquisando para o seu curso de mestrado, onde estuda o fenômeno das rádios comunitárias da região da transamazônica (Xingu).
A facilitadora iniciou sua oficina solicitando aos participantes que falassem um pouco de si e relatassem o interesse pela oficina, para assim, depois, dessa breve apresentação iniciar sua explanação. Em seguida, utilizando como recurso o data-show discorreu sobre a Regionalização da Comunicação: Democratização dos Fluxos e Meios. Enfatizou que com o recurso tecnológico é intenso e crescente e, que no processo de globalização ela digitalizou-se, fazendo com que passaremos a viver na era digital. A tecnologia da comunicação está atrelada à globalização.


Segundo Rosane o acesso à comunicação começa na década de 1950, logo após a 2ª guerra mundial. Historicamente, temos a Guerra Fria, onde nesse sistema os Estados Unidos da América controlam as agências de informação, enquanto a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) dominavam a tecnologia via satélite.
Em 1961tem-se a constituição da Liga dos Países Não-Alinhados, ou seja, países que não estavam atrelados à bipolaridade da guerra fria. Estes propuseram a criação de “Um Mundo e Muitas Vozes” – NOMIC, como uma forma de dar voz a seus anseios.
Com a era da globalização, pensou-se em horizontalizar a comunicação, porém esse propósito imperou na lei do mercado, isto é, na competição entre as mega-empresas atuando em rede global. Vamos ter, assim, o mercado global da mídia, isto significa cinco ou seis conglomerados, com uma ou duas dúzias de empresas grandes ocupando os segmentos regionais.
As rádios comunitárias são uma tentativa de dar voz aqueles que não podem fazê-lo nesse sistema centralizador. Quem tem tecnologia acaba controlando o mundo, ou seja, os países mais desenvolvidos tecnologicamente são aqueles que compõem o grupo dos países mais ricos do mundo e, consequentemente os mais estruturados economicamente.


É por meio da expressão do cotidiano local que os cidadãos podem construir significados e se reconhecer nos meios de comunicação, para isto, é necessário o respeito à diversidade dos saberes culturais locais. Por isso, a defesa das rádios comunitárias, que são autênticas representantes da comunidade, como rege o seu principio de participação.


Segundo Rosane, o movimento de rádios comunitárias é grande em nosso Estado, abrangendo quase todos os municípios. Porém, boa parte dessas rádios estão nas mãos de políticos ou religiosos, ou seja, não são rádios comunitárias autênticas. Isso significa que não estão voltadas para atender as necessidades da comunidade onde se localizam. Se democratizássemos os meios de comunicação, propiciaríamos a inclusão tecnológica, assim estaríamos mobilizando saberes.


Belém, 02 de abril de 2009.

Rádios Comunitárias: desafios e perspectivas

As rádios comunitárias são representantes autênticas das comunidades onde se localizam, pois a participação comunitária é um dos seus princípios. Estas podem constituir uma alternativa de participação local e de qualidade da informação. Essas emissoras podem unir pessoas de vários segmentos sociais, como estudantes secundaristas e universitárias, profissionais liberais, moradores locais e de bairros próximos e etc. Elas transmitem as versões dos fatos contados por aqueles que os vivenciaram, colocam no ar gêneros musicais que não são tocados nas rádios comerciais e tem a colaboração da população na construção e manutenção da rádio comunitária.


As emissoras comunitárias possibilitam que a população organizada possa exercitar uma nova forma de transmissão de conhecimento, pautada na democracia e na comunicação plural.
Na programação das comunitárias é priorizada informações e saberes locais, sem discriminação de qualquer natureza. Qualquer pessoa pode participar e emitir suas opiniões na programação de uma rádio comunitária. Essas emissoras têm como um de seus objetivos divulgar e valorizar as manifestações culturais da comunidade, contribuindo para um processo de integração sócio-cultural.


Para debater sobre os desafios e avanços das rádios comunitárias, contamos com a participação de Daniel Gonçalves, concluinte do curso de Ciências Sociais, com ênfase em Ciência Política. Daniel está em processo final de elaboração de seu trabalho de conclusão de curso (TCC) com o tema Rádios Livres e Comunitárias em Belém: Enfocando a Rádio Resistência FM e a repressão sofrida pelos comunicadores populares.


Para exemplificar a temática que iria ser trabalhada, Daniel utilizou o filme “Uma Onda no Ar”, que narra a história da Rádio Favela em Belo Horizonte. Para isso, foi repassado um roteiro de orientação de acompanhamento do filme, onde três indagações foram feitas:

1- O que motivou Jorge (personagem principal) a iniciar o processo criação de uma rádio comunitária na localidade onde morava?
2- Qual a reação da comunidade em relação ao surgimento de uma rádio comunidade em seu meio?
3- Como o Estado reagiu ao saber que mais uma emissora comunitária estava em operação?


Após a apresentação do filme foi perguntado aos participantes se eles haviam, no decorrer do mesmo, encontrado as respostas para as indagações feitas antes do inicio da sessão. Os mesmos, entusiasmamos, relataram de forma geral que: Jorge percebeu que poderia haver uma outra forma de comunicação, diferente daquela que ele estava acostumado a ouvir desde criança; os moradores gostaram do fato de ter em sua comunidade uma rádio em que eles pudessem ter falar e ao mesmo tempo participar; a reação do Estado foi de punição, argumentado que todos aqueles que estavam envolvidos com a comunitária estavam indo contra a lei.

Em seguida, Daniel relatou que as rádios comunitárias primam pela democracia na comunicação; por participação plural; transparência administrativa; programação educativa e conselho de programação. Mas que existem alguns problemas detectados na programação da maioria das rádios como, por exemplo, ausência de linha editorial; equipe flutuante; imitação de rádios comerciais, resultando da falta de formação teórica de seus membros e etc. Acarretando em muitas dificuldades, que são diariamente enfrentadas por aqueles que se propõem esse desafio.



Belém, 27 de março de 2009.




DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO NO BRASIL

Você já parou para pensar o que significa democratizar a comunicação?
Se você acredita que refletir sobre isso não é importante, saiba que está enganado. A introdução do rádio em território brasileiro remonta o centenário da independência, 07 de setembro de 1922, baseada na ideologia liberal-conservadora, que objetiva a manutenção da exploração da maioria da população pela classe detentora do poder econômico e simultaneamente do aparelho do estado.
Percebemos que para que haja democracia numa sociedade, é necessário que haja democracia também no exercício do poder de comunicação. Será somente através da democracia que poderemos ter atendidas questões ligadas a integridade social e a superação das divisões sociais e discriminações.


Democracia implica na soberania popular e na distribuição igualitária dos poderes. Sendo os meios de comunicação parte integrante desses poderes. Para debatermos o tema “Democratização da Comunicação no Brasil”, contamos neste debate com a participação de Angelo Madson, concluinte do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará. Angelo é diretor do “Instituto Cultural FALA - Para o Desenvolvimento das Mídias Populares na Amazônia”; é colaborador da Rede Aparelho – coletivo de produtores culturais, ativistas e artistas; membro da Comissão Executiva Nacional da Campanha Pela Ética na TV “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania”; membro fundador do Fórum em Defesa das Rádios Comunitárias (Pa).


Angelo iniciou sua explanação panorâmica sobre a constituição do sistema brasileiro de telecomunicações. Sendo que um dos mais expressivos golpes foi o realizado pelos militares brasileiros, iniciado em 1º de abril de 1964. Em seguida, houve a exibição do vídeo “Além do Cidadão Cane”, Além do Cidadão Kane é um documentário produzido pela BBC de Londres - proibido no Brasil desde a estréia, em 1993, por decisão judicial - que trata das relações sombrias entre a Rede Globo de Televisão, na pessoa de Roberto Marinho, com o cenário político brasileiro. Apresentação do site do Fórum Nacional de Democratização das Rádios Comunitárias (FNDC).


No segundo momento, Angelo discorreu sobre o significado da democratização da comunicação, enfatizando que todas as pessoas devem ter acesso aos meios de comunicação, pois todos são agentes de comunicação e como tal devemos planejar, executar e avaliar o conteúdo dos veículos de comunicação em nosso país. Para ilustrar o que foi dito, utilizou a faixa número 7 (vinheta CMI – Centro de Mídia Independente) do CD produzido pela produtora de mídia independente Idade Media. Bem como, falou sobre a campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania” que age em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados,objetiva alertar o público que a mídia eletrônica está interessada em fazer dele, um telespectador passivo e ao mesmo tempo um consumidor ativo dos inúmeros produtos veiculados nos meios de comunicação.


Angelo finalizou sua abordagem com o vídeo “Direitos de Resposta” produzido em 2005 por um grupo de organizações não governamentais, em parceria com o Ministério Público Federal. Estes moveram uma ação civil pública contra o programa Tarde Quente e seu apresentador João Kleber que diariamente ridicularizava grupos ou minorias sociais através de “pegadinhas” atingindo alto índice de audiência, segundo dados da própria emissora.
Direitos de Resposta foi o nome dado à série de 30 programas produzidos em conjunto por seis entidades da sociedade civil organizada, entre elas o Intervozes, e que substituíram durante um mês um programa veiculado pela emissora Rede TV! considerado pela Justiça como ofensivo aos direitos humanos. Os programas foram ao ar entre os dias 12 de dezembro de 2005 e 13 de janeiro de 2006, das 17h às 18h.
Cerca de um mês antes, a Justiça Federal havia concedido uma liminar em resposta à Ação Civil Pública (ACP) movida pelo Ministério Público Federal e as seis organizações da sociedade civil contra a Rede TV! por conta das seguidas violações aos direitos humanos, em especial dos homossexuais, nos quadros do programa Tardes Quentes, do apresentador João Kleber.
A liminar suspendia imediatamente o programa e determinava a exibição de outro, em seu lugar, em caráter de contra-propaganda. A emissora não cumpriu a liminar, por isso, no dia 14 de novembro de 2005, pela primeira vez na história, uma emissora de TV comercial teve seu sinal retirado do ar por decisão da Justiça.


A Rede TV propôs, então, um acordo com as entidades e o MPF, o que levou à produção e exibição do Direitos de Resposta. A ACP, a decisão da Justiça e a produção e exibição dos programas podem ser consideradas o primeiro “direito de resposta coletivo” concedido e realizado no Brasil.


Belém, 19 de março de 2009.

sábado, 14 de março de 2009

Re-visão de módulo

A Comunicação como Direito Humano

Midiatrix Revelations
http://www.youtube.com/watch?v=Sv55JusfEC8



Pirata? - Vídeo produzido pelo coletivo da Rádio Muda (Campinas - SP)
http://www.youtube.com/watch?v=O1_E5XQ2594

Rádios Comunitárias - Democratização da Comunicação - Vídeo produzido para o evento: "Desafios da Comunicação Pública" - junho de 2007 - Faculdade de Jornalismo Pinheiro Guimarães.
http://www.youtube.com/watch?v=kQiMVzuanqk

A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO

Estamos no dia 09 de março, e o céu desaba sobre as mangueiras. No laboratório de informática da Escola Estadual Paulino de Brito, iniciaremos nossa oficina. Como de práxis, ajustes são necessários, mesmo assim, iniciamos no horário previsto.
Nesse primeiro momento, de formação cidadã, conversamos sobre o tema da “Comunicação como Direito Humano”. Como facilitadora neste diálogo, contamos com a presença da advogada Léslie Carolina Batista, formada pela Universidade Federal do Pará, tendo defendido em seu trabalho de conclusão de curso (TCC), o tema “As Rádios Comunitárias e o Direito Humano à Comunicação”. Leslie atua na Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH, onde contribuiu para a criação do Fórum Paraense de Defesa das Rádios Comunitárias (FDRC). Além disso, a advogada age juridicamente na defesa dos radialistas comunitários, que respondem a processos na Justiça Federal.

Leslie iniciou com uma dinâmica de apresentação e relacionamento interpessoal, entre os presentes descobriu que o jovem Antonio Luis, há alguns anos, havia participado de uma rádio comunitária sediada no Conjunto Cidade Nova 8, em Ananindeua. Em seguida, houve a exibição do satírico vídeo de produção independente intitulado “Midiatrix – Reveletions”, que aborda questões relativas à dominação e apropriação de conhecimentos, alienação e etc.
Posteriormente, utilizando o recurso do data-show expôs os conceitos de comunicação, direitos humanos, declaração universal dos direitos humanos e outros, evidenciando assim a importância da comunicação como um direito elementar do ser humano.
Na segunda etapa da formação cidadã, a turma Léslie discorreu sobre “O papel e a visibilidade das rádios comunitárias”, definindo o que se entende por uma rádio comunitária; rádios comerciais travestidas de comunitárias; dificuldades financeiras de uma rádio comunitária; abordou sobre alguns problemas técnicos na programação; viabilidade quanto à legalização e por fim perspectivas e desafios das rádios comunitárias.

Infelizmente, por problemas técnicos, os vídeos "Piratas", produzido pelo coletivo Rádio Muda (Campinas - SP) e "Os Desafios da comunicação pública", que iriam finalizar a apresentação de Léslie, (os vídeos estão postados acima, neste blog). A abordagem utilizada pela facilitadora foi bastante didática, uma vez que procurou trabalhar o tema correlacionando-o com questões do dia-a-dia dos participantes da oficina, ou seja, procurando fazer uma relação próxima do tema trabalhado com o cotidiano. Partimos, assim para a criação de um espaço onde a comunicação é construida de forma horizontal, planejada e avaliada coletivamente.
Na próxima semana abordaremos o tema "A Democratização da Comunicação no Brasil".

Belém, 12 de março de 2009.

PLANEJAMENTO E AÇÃO

Com as informações de vivência impressas no corpo do projeto, ainda faltava-nos uma oportunidade para tornar sua execução uma realidade. Esta grata ocasião ocorre, em fim, após divulgação do resultado do edital nº.13/2008 Infocentros Navegapará: Ações Colaborativas para a Cidadania Digital[1], em novembro de 2008, com a aprovação do projeto.
No inicio do ano, uma Reunião de Trabalho foi convocada para apresentação da equipe SEDECT/FAPESPA
[2], (Gisele Vasconcelos, Lyanny Araújo, Natasha Veloso, Sheila Vieira, Francisco Weyl, Regina Augusto e Roberto Gualberto). Iniciamos o desenvolvimento de uma metodologia para execução das oficinas, bem como se fez a proposição de atividades que desenvolvam habilidades para produção de informação e a construção de saberes compartilhado (“O saber: conjugar práticas artísticas e ações educacionais; estimular o desenvolvimento local a partir do uso das TICs em espaços públicos. O Saber fazer: desenvolver habilidades básicas com uso do computador, internet e mídias; incentivar a pesquisa e documentação; produzir informação local, propor publicação on-line; estimular a gestão participativa em conjunto com a comunidade”).
Com estas atividades de planejamento de ação, também entramos em contato com os representantes dos outros projetos aprovados pelo edital nº.13/2008; passamos conhecê-los melhor e, de forma coletiva, ajustamos questões necessárias na aplicação das propostas.
Com ajustes finais relativos ao inicio de nossas atividades, definimos que o local de execução da oficina seria a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Paulino de Brito. Nossa previsão era dar partida ainda em janeiro de 2009, mas devido à realização do Fórum Social Mundial (FSM) em nossa cidade tivemos que adiá-la, após este evento, novo contratempo: o término de uma reforma no prédio da escola para inicio do ano letivo e, posteriormente, o carnaval.


Com este projeto de Formação e Capacitação de Agentes Multiplicadores em Comunicação Popular – Rádio pretendemos estimular a formação dos agentes da comunicação comunitária atravé de exercícios tem como meta possibilitar aos comunicadores populares o desafio de transformar a comunicação em conhecimento e ao mesmo tempo usar esse conhecimento em benefício de sua comunidade.
Para isso, fizemos um planejamento, dividindo a oficina em quatro módulos:

1 - Formação Cidadã, abordando os seguintes sub-temas: A Comunicação como um Direito Humano; Democratização da Comunicação no Brasil; Rádios Comunitárias: Perspectivas e Desafios; Concessões de Rádios do Brasil: “Coronelismo Eletrônico”.

O nosso objetivo com esse primeiro módulo é oferecer conhecimentos necessários para uma formação cidadã e capacitação técnica especifica para produção radiofônica.

2 - Texto Radiofônico e Locução tem como meta discorrer sobre as diversas formas de textos voltados para o rádio, assim como, o uso adequado da exposição oral, problemas de articulação, defeitos da voz e outros.

O nosso propósito com esse segundo módulo é proporcionar conhecimentos acerca da produção dos diversos textos radiofônicos que podem ser trabalhados pelos nossos comunicadores populares, bem como, fornecer a eles técnicas de locução para rádio.

3 - Produção Radiofônica Contemporânea, consiste principalmente no conhecimento e reflexão da áudio-arte, isto é, peça radiofônica, poema acústico, paisagem sonora, esculturas sonoras, literatura acústica , livro falado e etc. Além de oferecermos conhecimentos necessários para que os participantes da oficina possam fazer edição de áudio e vinhetas.

O nosso intuito é permitir que todos os participantes possam conhecer um pouco da produção radiofônica contemporânea, principalmente no campo da áudio-arte e áudio-ficção.

4 - Rádio- web, trabalharemos as relações e possibilidades de criação de peças radiofônicas na internet.
Temos como meta possibilitar o domínio de conhecimentos e técnicas especificas para o isso da rádio na web, para que os participantes da oficina possam ao final do curso criar a sua própria peça radiofônica colocá-la na web.


[1] Este edital refere-se à ações educacionais e artísticas, que visem em especial fomentar a produção de mídias, estimulando novas metodologias e o envolvimento das comunidades fortalecendo o sentido de pertencimento social em espaços para inclusão digital integrados ao Programa Navegapará.
[2] Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (SEDECT). Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA),

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

— Fora do AR!



No início desta década, o fenômeno da radiodifusão comunitária conquistava avanços e consolidava-se na cidade de Belém. Experiências surgiam aqui e ali, mesmo em meio a todas as dificuldades, as rádios comunitárias estavam se firmando como instrumentos de mobilização social e transformação.
Com slogans do tipo “a rádio onde você fala”, “democratizando a informação”, “a voz da resistência popular” ou “O grito rebelde da periferia” as rádios comunitárias foram ocupando espaço no dial, conquistando territórios e dando voz a quem estava condenado a ouvir: a citar a Rádio Comunitária Cidadania FM (2003 - Terra Firme), da FM Cabana (2003 - Guanabara), Tupinambá FM (2004 - Mosqueiro) e Resistência FM (setembro, 2004 – Marco).
Entretanto, em nome dos mesmos interesses que levaram a concepção da Lei 9.612 de 98, uma operação de extermínio foi desencadeada sobre estas emissoras comunais. Apenas, no dia 18 de maio de 2005, a PF e Agencia Nacional de Telecomunicações, retiraram do ar 8 associações de radiodifusão comunitárias!
Num clima de ataque repressivo, um grupo de agentes independentes, ligados à comunicação popular, iniciou uma pesquisa com o objetivo de colher dados sócio-gráficos sobre a produção da comunicação popular feita nas rádios comunitárias. Devido às constantes operações da força repressiva, desmantelava-se a rádio e desmobilizava a organização popular. Contudo, durante dois meses, 52 pessoas foram entrevistadas, respondendo a um formulário de 32 questões, em 7 emissoras ligadas a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRAÇO / Metropolitana - PA). Destas entrevistas, obtivemos informações sobre: o tempo de atuação individual, motivação, funções, satisfação com empenho, classificações, recursos utilizados, dados sobre o programa, também sobre a programação da rádio, participação da comunidade etc. Outro dado importante diz respeito das dificuldades enfrentadas e o nível de interesse dos agentes de comunicação popular em participar de cursos de formação e capacitação para rádio comunitária.
Após a tabulação dos dados coletados, observou-se que todos os entrevistados manifestavam desejo em participar de cursos formação e capacitação em comunicação popular. Daí surge, “O projeto de Formação e Capacitação de Agentes Multiplicadores em Comunicação Popular - Rádio”, pretendendo estimular os agentes produtores da comunicação a confrontarem sua vida cotidiana com as questões de gestão comunicativa, na qual indivíduo deve percebe que “a comunicação precisa ser planejada, administrada e avaliada coletivamente”.
As rádios comunitárias colocam em pratica o direito à comunicação, à liberdade de expressão e diversidade cultural. As rádios comunitárias são feitas por um grupo de pessoas da mesma comunidade, organizados em associações sem fins lucrativos e respondem aos interesses daquela comunidade. Ou seja, as rádios comunitárias são um veiculo de comunicação social dos membros de uma comunidade, de uma população local que partilha interesses comuns. Por isso, um dos nossos objetivos é permitir que todos os participantes tenham vez e voz; quebrando a hierarquia na distribuição do saber, reconhecendo que todas as pessoas são produtoras de cultura.

“Viver comunitariamente como a partilhar do saber e da resistência”